quarta-feira, 2 de maio de 2012

Five.

Jorge Luiz de Moraes

Verás que um filho teu não foge à luta.


   Não foge à luta, ou se foge, será que corre? Que fica? Será? Ou o que será?  Verás apenas que não foge? Apenas como um sapo no galho de uma árvore espiando o mundo?
   Será que verás?
Que Vera cruz?
Que Vera cruz?
Verá?
Verão?
Ouvirão?
Ó pátria amada Brasil!

Do livro "Amazonas natural."

Jorge Luiz de Moraes

Pêra de minuto.


   Maçã de hora, abóbora que enrola; goiaba sem aba, morango feito orangotango, manga com gola, passarinho miudinho e é o tal do corrupião e cantando está ele o nosso lindo hino nacional...
  Brasil de 1500, Pau-Brasil, índios, nascimento e em outrora o fruto dessa hora que honra o momento a glória do existir, quem sabe, em homenagem as frutas desta horta.
   Rio que desce; São Francisco, Amazonas, Xingu e outros e no mar finalizam seus destinos sem fim, pois nascem todos os dias feitos sol eterno, querido e dourado neste céu que é mais azul.
   Aldeias de jardins, esquecimentos do fruto conde, romã quem sabe de Roma, África ou Portugal e a melhor fruta por aqui é ela, a existente em todo o pomar.
   “Se tudo viste, se em tudo cresse,” Ordem e progresso, do contrário, sei não meu sertão deste país, sei não como formigas deste chão que cima de mim já passou um caminhão como nessa formiguinha que era dali.
   Dali daquele formigueiro onde agora não se vê mais ela subindo aquele morro de terras para entrar pelo buraco onde era a porta da sua casa, que pena. Que pena! Foi-se a formiguinha brasileira deixando saudades neste chão.
   Agora e mais tarde no caminho vem dom Camilo celebrar a missa para a coitadinha, fiéis das menoridades de vida, mais um monte de gente, índios em comunhão, meu Deus! Deixe abrir aqui não neste verde chão, estradas de caminhão.

  Do livro "Amazonas natural".

Jorge Luiz de Moraes

O passado não passa.


   Se fosse camelo já teria passado no buraco da agulha, mas o passado não passa e faz a gente viver feito burro, se fosse uma fruta, já teria virado passas, mas não passa o passado.
   Se fosse uma marca famosa não duraria a quanto dura o passado que não passa, pois entra um ano e outro novo e o passado está ai, não passa e a fama da marca já se foi caindo de moda.
   Começa tudo de novo e tudo outra vez e o passado junto não querendo passar, não nos larga, tanto que lá em Passa Quatro tudo passa por lá, mas o passado lá também não quis passar, verdade; passei por lá e lá encontrei o mesmo passado, tudo passa, o passado insiste em não passar.
   Passa passado, vá embora do mundo, se continuar passando jamais deixaremos de viver de passado e se não passas, que passas contigo que só sabes ficar no presente do mundo vivendo de passados?

Do livro "amazonas natural."

Jorge Luiz de Moraes

terça-feira, 1 de maio de 2012

Rosto e mestres das cores.

Jorge Luiz de Moraes

Nota sete de índio.

     Rumo ao sol, a Fátima, a Laura, a Elizabeth, a clareira da manhã, Augusto, Fernando, Geslin, a fama de Ana, a fatalidade da forca concentrada no ódio da liberdade, pavanas, aves fugitivas do meu olhar.
   Da minha natureza escondida sem mar, das estrelas escondidas do universo, Otavio, João, Cabral e bisnetos da pátria, nordeste chão deste chão que era nordeste.
   Thereza, Benedita, Angola, meu pai, minha mãe, meu peso ainda não sabendo se leve é ou de cruz, mas rezo neste mesmo rumo, neste mesmo chão, com a minha fé pelo o que não é de mim.
  O navio chegou. Trouxe Pereira, Gaspar, Marieta, Olívia e mais um e uma e o nome destes outros não sei.  Morreu na vila um pistom, na poeira um gato, no sol o frio, no amanhecer gostaria que a miséria no mundo.
   Caiu do galho um macaco, do céu um bezerro, espero que além e também dessa chuva inexplicável que de lá também venha Deus ver o que fizeram com a pátria amada e abençoada. Estou tonto, envergado feito bêbado na vida, sem direção como o vento e nesta pátria ainda a caminho do que ela deve ser como e igual a todos, sem a liberdade de viver.
   Aqui chego, aqui paro em uma terra dentro desta própria terra, esta que era ela de índios, hoje de quem não anda em dia com o mundo e nem muito menos com a natureza rica deste enorme e querido chão.
   Sergio, Helena, Wagner, Mesquita, Cacique e a obra que sem dobrar-se, se entortou no eixo de outras línguas e se queixa, queixa, queixa, queixa, queixa, queixa, queixa. Para onde foi parar os costumes e as culturas oriundas desta terra querida chamada Brasil?   

          Obs.

   A referência de título deste texto poético é igual ao do livro, ou seja: Pode também ser chamado de “Amazonas natural”.

 Do livro "Amazonas natural".
De : Jorge Luiz de Moraes